O
preconceito impera onde existem pessoas “diferentes”
Por Sidney dos Santos
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| Foto retirada da internet. |
A sociedade já estabeleceu um padrão do que é ser homem e
ser mulher, já existe características estabelecidas, e se houver a fuga desses
padrões o outro é tratado com diferença, como diferente só pelo fato de não seguir os
padrões, o modelo do que é certo o homem fazer e o que é certo a mulher fazer.
Se você não segue, você é excluído, tem que procurar seu meio, passa a sofrer
preconceito, preconceito por não seguir uma ideologia criada por uma sociedade
tradicional que acha que o homem deve ser aquele que não chora, não demonstra
sentimento, o senhor da casa, o que coloca a comida dentro de casa e que todos
devem respeito dentro de casa, a mulher aquele ser passivo que cuida da casa,
dos filhos, se não possuir o dom para ser dona de casa, ser mãe, não será feliz
e não fará ninguém feliz.
Portanto, logo quando uma mulher descobre que está
gravida, fica na expectativa de saber se é menino ou menina, pois existe a
preocupação em relação as roupas, o pai fica ansioso pra saber se é menino,
pois já se imagina jogando futebol com o filho, praticando vários tipos de
esporte, a mãe já fica a imaginar se for uma menina, comprar várias roupas
rosas, vesti-la como uma princesa, saírem juntas para o shopping, é nesse
momento que mesmo antes de nascer o bebê já tem seu corpo maculado pela
cultura, como discute Berenice Bento, (2003), “Os corpos já nascem maculados
pela cultura, já nascem cirurgiados por tecnologias discursivas precisas que
irão determinar e validar as formas apropriadas e impróprias de gênero”.
Berenice Bento traz está questão, pois realmente os
corpos são maculados, já nascem cirurgiados, pois quem faz a construção dos
corpos sexuados é a sociedade, a cultura que já é existente, e não as pessoas
naturalmente ao longo do tempo, ou seja, com o passar do tempo ir descobrindo
sua sexualidade.
Portanto, a sociedade costuma definir o que muitos irão
ser mesmo antes de nascerem, e quando nascem e se mostram diferentes são
tratados de maneira diferente, de forma preconceituosa, como é o caso do filme
Pelo Malo, filme Venezuelano que retrata uma história de um menino chamado
Júnior, filho mais velho de Marta, esta
mãe solteira que o rejeita por causa de seus hábitos, pois o garoto gostava de alisar o
cabelo, e agia fora dos padrões da
cultura estipulada pela sociedade.
O filme retrata várias formas de preconceito, como em
relação ao cabelo do garoto que é considerado ruim pelos padrões estipulados pela sociedade, a pobreza, as mulheres, a
homossexualidade, é possível perceber pelo fato do garoto querer alisar seu
cabelo para ficar parecido com um cantor famoso, a dificuldade da mãe
encontrar trabalho devido a área de trabalho dela ser de predominância da
classe masculina, e a homossexualidade esse é o tema que analisarei mais aprofundadamente.
O garoto Júnior que tinha o sonho de ser cantor, possuía
um cabelo crespo e queria alisa-lo para parecer com um cantor, possuía um jeito
que não se adequava aos padrões estabelecido pela sociedade, como um menino
deve agir, como deve brincar e com o que brincar, como explica Berenice Bento
em seu artigo,
A
infância é o espaço em que se dá os treinamentos necessários para continuar o
trabalho de fabricação dos corpos sexuais. Bonecas, panelas, saias, cores
delicadas, jogos que exigem pouca força física para as meninas; revólveres,
cavalos, bolas, calças, cores fortes para os meninos. Tudo muito separado. É
como se as “confusões” no gênero provocassem imediatamente confusões na
orientação sexual. (BENTO, 2003)
Portanto antes de nascer e ao nascer já ocorre o processo
de fabricação do ser homem e do ser mulher, já existe características
estabelecidas, menino brinca com boneco, joga bola, meninas com boneca e brinca
de amarelinha, se passar a brincar com aquilo que é estabelecido como
brincadeira de menino passa a ser repreendido, pois a cultura está ai, e se você
foge dela, você não será respeitado, se prepare para assumir as consequências,
você passará a sofrer preconceito.
O garoto não agia conforme os padrões, a mãe percebendo
essa situação que aos olhos dela não correspondiam com atitudes de um menino,
passa a achar que o garoto é gay, e chega a leva-lo ao médico que se mostra mal preparado para lhe dá com a situação, manda a mãe fazer com que o garoto tenha
uma inspiração masculina, algo que demonstrasse o que um homem faz, a mãe passa a ter
relações sexuais, fazendo com que o filho veja tudo que acontecia. Além de
deixar o garoto de lado por achar que o menino era “diferente” ameaçava corta o
cabelo do menino, o garoto percebe que por ser “diferente” está perdendo o amor
dá mãe. e resolve cortar o cabelo.
Portanto, podemos perceber que a mãe, influenciada pelos
padrões, valores morais, passa a tratar seu filho com diferença de forma
preconceituosa, tendo atitudes erradas. A questão de gênero, ser homem, ser
mulher, os estereótipos, de homem viril, ser forte, que não demonstra
sensibilidade, a mulher um ser passivo, sensível, essas ideologias, esses
estereótipos levam muitos a praticarem atos errôneos.
A homossexualidade, o homossexual é tratado como se não
fosse um ser humano, por fugirem dos padrões do que é ser homem e ser mulher.
Sofrem preconceito, algo que deve ser vencido, pois não é a natureza que define
a sexualidade de alguém, e sim a própria pessoa com o tempo, quando passa a se
conhecer.
Os/as
transexuais que reivindicam as cirurgias são motivados, principalmente, pela
sexualidade, mas para que a mudança nos seus corpos lhes garanta a
inteligibilidade social, ou seja, se a sociedade divide-se em corpos-homens e
corpos-mulheres, aqueles que não apresentam correspondência fundante tendem a
estar fora da categoria do humano. (BENTO, 2003)
Uma criança a partir do seu desenvolvimento ela passa a
se conhecer, ou seja, a conhecer o seu corpo, a criar uma identidade de gênero,
no entanto, muitas vezes a cultura criada pela sociedade impede que muitos se conheçam,
criem essa identidade. Muitos não seguem o caminho que querem por medo do que a
sociedade irá dizer, medo do preconceito, pois tudo aquilo que foge dos padrões
passa a sofrer preconceito.
Devido a esse preconceito e essa ideia estabelecida do
que é ser homem e o que ser mulher, possuir pênis, vagina. Muitos passam por cirurgias,
para se sentirem idealizados por completo, outros preferem se definir como
homem/mulher.
Segundo
o pensamento oficial todos/as transexuais desejam como solução para seus
conflitos a realização das cirurgias de transgenitação. Este cânone, no
entanto, tem sido questionado por muitos/as transexuais que reivindicam suas
identidades de gênero legal sem se submeterem à cirurgia. (BENTO, 2003)
A sociedade definiu a questão do gênero, materializou o
que é um corpo perfeito. Definições que eles trazem do passado, criando uma
dicotomia.
As definições do mundo tradicional persistem, os povos
não se abrem para uma evolução de pensamento, vivem preso no que eles acham correto,
devido a isso costumam ferir e machucar muitos outros só por serem "diferentes".
Como já citei mais acima, o preconceito impera, onde
existem pessoas “diferentes”.
Referência
BENTO,
Berenice. Transexuais, corpos e próteses. Labrys: Estudos Feminista n.4.
ago/dez. 2003.
PELO Malo. Direção: Mariana Rondón. Produção:
Artefactos S.F; Hanfgarn & Ufer; Film und TV Produktion; Imagen Latina; La
Sociedad Post; Sudaca Films Venezuela: 2013. Drama. Legendado
