domingo, 4 de fevereiro de 2018

O preconceito impera onde existem pessoas “diferentes”

O preconceito impera onde existem pessoas “diferentes”
                                                         Por Sidney dos Santos
Foto retirada da internet.


A sociedade já estabeleceu um padrão do que é ser homem e ser mulher, já existe características estabelecidas, e se houver a fuga desses padrões o outro é tratado com diferença, como diferente só pelo fato de não seguir os padrões, o modelo do que é certo o homem fazer e o que é certo a mulher fazer. Se você não segue, você é excluído, tem que procurar seu meio, passa a sofrer preconceito, preconceito por não seguir uma ideologia criada por uma sociedade tradicional que acha que o homem deve ser aquele que não chora, não demonstra sentimento, o senhor da casa, o que coloca a comida dentro de casa e que todos devem respeito dentro de casa, a mulher aquele ser passivo que cuida da casa, dos filhos, se não possuir o dom para ser dona de casa, ser mãe, não será feliz e não fará ninguém feliz.


Portanto, logo quando uma mulher descobre que está gravida, fica na expectativa de saber se é menino ou menina, pois existe a preocupação em relação as roupas, o pai fica ansioso pra saber se é menino, pois já se imagina jogando futebol com o filho, praticando vários tipos de esporte, a mãe já fica a imaginar se for uma menina, comprar várias roupas rosas, vesti-la como uma princesa, saírem juntas para o shopping, é nesse momento que mesmo antes de nascer o bebê já tem seu corpo maculado pela cultura, como discute Berenice Bento, (2003), “Os corpos já nascem maculados pela cultura, já nascem cirurgiados por tecnologias discursivas precisas que irão determinar e validar as formas apropriadas e impróprias de gênero”.

Berenice Bento traz está questão, pois realmente os corpos são maculados, já nascem cirurgiados, pois quem faz a construção dos corpos sexuados é a sociedade, a cultura que já é existente, e não as pessoas naturalmente ao longo do tempo, ou seja, com o passar do tempo ir descobrindo sua sexualidade.

Portanto, a sociedade costuma definir o que muitos irão ser mesmo antes de nascerem, e quando nascem e se mostram diferentes são tratados de maneira diferente, de forma preconceituosa, como é o caso do filme Pelo Malo, filme Venezuelano que retrata uma história de um menino chamado Júnior,  filho mais velho de Marta, esta mãe solteira que o rejeita por causa de seus hábitos,  pois o garoto gostava de alisar o cabelo,  e agia fora dos padrões da cultura estipulada pela sociedade.

O filme retrata várias formas de preconceito, como em relação ao cabelo do garoto que é considerado ruim pelos padrões estipulados pela sociedade, a pobreza, as mulheres, a homossexualidade, é possível perceber pelo fato do garoto querer alisar seu cabelo para ficar parecido com um cantor famoso, a dificuldade da mãe encontrar trabalho devido a área de trabalho dela ser de predominância da classe masculina, e a homossexualidade esse é o tema que analisarei mais aprofundadamente.

O garoto Júnior que tinha o sonho de ser cantor, possuía um cabelo crespo e queria alisa-lo para parecer com um cantor, possuía um jeito que não se adequava aos padrões estabelecido pela sociedade, como um menino deve agir, como deve brincar e com o que brincar, como explica Berenice Bento em seu artigo,

A infância é o espaço em que se dá os treinamentos necessários para continuar o trabalho de fabricação dos corpos sexuais. Bonecas, panelas, saias, cores delicadas, jogos que exigem pouca força física para as meninas; revólveres, cavalos, bolas, calças, cores fortes para os meninos. Tudo muito separado. É como se as “confusões” no gênero provocassem imediatamente confusões na orientação sexual. (BENTO, 2003)

Portanto antes de nascer e ao nascer já ocorre o processo de fabricação do ser homem e do ser mulher, já existe características estabelecidas, menino brinca com boneco, joga bola, meninas com boneca e brinca de amarelinha, se passar a brincar com aquilo que é estabelecido como brincadeira de menino passa a ser repreendido, pois a cultura está ai, e se você foge dela, você não será respeitado, se prepare para assumir as consequências, você passará a sofrer preconceito.

O garoto não agia conforme os padrões, a mãe percebendo essa situação que aos olhos dela não correspondiam com atitudes de um menino, passa a achar que o garoto é gay, e chega a leva-lo ao médico que se mostra mal preparado para lhe dá com a situação, manda a mãe fazer com que o garoto tenha uma inspiração masculina, algo que demonstrasse o que um homem faz, a mãe passa a ter relações sexuais, fazendo com que o filho veja tudo que acontecia. Além de deixar o garoto de lado por achar que o menino era “diferente” ameaçava corta o cabelo do menino, o garoto percebe que por ser “diferente” está perdendo o amor dá mãe. e resolve cortar o cabelo.

Portanto, podemos perceber que a mãe, influenciada pelos padrões, valores morais, passa a tratar seu filho com diferença de forma preconceituosa, tendo atitudes erradas. A questão de gênero, ser homem, ser mulher, os estereótipos, de homem viril, ser forte, que não demonstra sensibilidade, a mulher um ser passivo, sensível, essas ideologias, esses estereótipos levam muitos a praticarem atos errôneos.  

A homossexualidade, o homossexual é tratado como se não fosse um ser humano, por fugirem dos padrões do que é ser homem e ser mulher. Sofrem preconceito, algo que deve ser vencido, pois não é a natureza que define a sexualidade de alguém, e sim a própria pessoa com o tempo, quando passa a se conhecer.

Os/as transexuais que reivindicam as cirurgias são motivados, principalmente, pela sexualidade, mas para que a mudança nos seus corpos lhes garanta a inteligibilidade social, ou seja, se a sociedade divide-se em corpos-homens e corpos-mulheres, aqueles que não apresentam correspondência fundante tendem a estar fora da categoria do humano. (BENTO, 2003)

Uma criança a partir do seu desenvolvimento ela passa a se conhecer, ou seja, a conhecer o seu corpo, a criar uma identidade de gênero, no entanto, muitas vezes a cultura criada pela sociedade impede que muitos se conheçam, criem essa identidade. Muitos não seguem o caminho que querem por medo do que a sociedade irá dizer, medo do preconceito, pois tudo aquilo que foge dos padrões passa a sofrer preconceito.

Devido a esse preconceito e essa ideia estabelecida do que é ser homem e o que ser mulher, possuir pênis, vagina. Muitos passam por cirurgias, para se sentirem idealizados por completo, outros preferem se definir como homem/mulher.

Segundo o pensamento oficial todos/as transexuais desejam como solução para seus conflitos a realização das cirurgias de transgenitação. Este cânone, no entanto, tem sido questionado por muitos/as transexuais que reivindicam suas identidades de gênero legal sem se submeterem à cirurgia. (BENTO, 2003)

A sociedade definiu a questão do gênero, materializou o que é um corpo perfeito. Definições que eles trazem do passado, criando uma dicotomia.
As definições do mundo tradicional persistem, os povos não se abrem para uma evolução de pensamento, vivem preso no que eles acham correto, devido a isso costumam ferir e machucar muitos outros só por serem "diferentes".
Como já citei mais acima, o preconceito impera, onde existem pessoas  “diferentes”. 



Referência
BENTO, Berenice. Transexuais, corpos e próteses. Labrys: Estudos Feminista n.4. ago/dez. 2003.

PELO Malo. Direção: Mariana Rondón. Produção: Artefactos S.F; Hanfgarn & Ufer; Film und TV Produktion; Imagen Latina; La Sociedad Post; Sudaca Films Venezuela: 2013. Drama. Legendado